sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Corretor: um competente generalista




Há carreiras profissionais para todos os gostos e habilidades. Tanto é assim que, quando o indivíduo está para escolher a sua profissão, recomendam os aconselhadores vocacionais que ele dialogue de si para consigo, a fim de descobrir seus talentos inatos e inferir quais atividades desempenharia com mais facilidade.
Um parêntesis: em minha opinião, salvo algumas exceções, é prematuro exercitar-se decisão de tamanha responsabilidade aos dezesseis, dezessete anos. Defendo a tese de que a profissão emerja como consequência de uma visão amadurecida e ampliada das possibilidades que se apresentam ao jovem. Enquanto isso, os educadores devem dar conhecimento a este das opções, estimulando-o ao autodesenvolvimento, como faziam os gregos clássicos com os alunos do Liceu.
Voltando ao texto, para facilitar essa escolha, distribuíram-se as modalidades científicas, grosso modo, em humanas, exatas e da saúde. Por exemplo, se o sujeito é da linha do velho Pitágoras, ou seja, só consegue enxergar o mundo por meio da álgebra, é no grupo das exatas que ele deverá se encaixar melhor. Já se a admiração recair mais sobre Descartes ou Francis Bacon, os quais se concentravam na lógica filosófica e no direito, recomendo que o pretendente procure a área de humanas. Noutra banda, se é a trajetória de Hipócrates sua fonte de inspiração, ele terá plenas possibilidades de êxito na estimulante seara da saúde. Há quem diga, todavia, que nem sempre essa divisão é tão hermética. Cada dia mais, na trilha da modernidade, os ofícios distanciam-se das especializações e requerem um generalismo (não confundir com empirismo) que foge inteiramente dos cânones tradicionais.
O leitor quer um exemplo marcante desse postulado? A car
reira de corretor imobiliário. Ora, para ser atuante nesse mercado diversificado, altamente competitivo, extremamente complexo, no qual o produto principal, o imóvel, muda de roupagem com uma frequência extraordinária, ao sabor das contínuas e crescentes demandas do mercado, o corretor precisa estabelecer uma interface com todas as áreas do conhecimento. E com relativa profundidade. Vejamos um pequeno fragmento.
Antes da venda, há que avaliar detalhadamente o projeto. Minúcias como dimensões dos cômodos, materiais de acabamento, itens de acessibilidade, cálculos das áreas privativas e comuns, posicionamento das garagens, processo construtivo do edifício, além de contrato, preço e condições de pagamento, constituem-se num conjunto de preciosas informações. Neste instante, o cuidadoso profissional ativa a porção do seu cérebro dedicada às ciências exatas. Ao dirigir-se para o potencial comprador, a fim de oferecer o produto, o dedicado vendedor evoca na mente as técnicas mais avançadas de convencimento, no afã de demonstrar que a sua mercadoria atende aos desejos do outro. Aí, ele lança mão de toda a humanística possível, acrescentando inclusive sofisticadas construções dialéticas para neutralizar os eventuais argumentos contrários à sua meta. Tudo, claro, dentro da ética, ramo da ciência do quadrante das humanas. No ato do negócio em si, o mais das vezes ele desempenha o papel de confidente, pois o cliente, antes da difícil decisão, costuma partilhar temas familiares variados, inclusive seu estado de saúde. Vê-se então um quase médico ou psicólogo em ação.
Assim, a par desse caleidoscópio de exigências, aquele que escolheu essa linda carreira ganha a oportunidade de crescer como profissional e, mais importante do que tudo, evoluir enquanto pessoa. Como se isso fosse pouco, pode ainda contribuir decisivamente para a pujança de um setor que hoje carrega nos ombros a economia brasileira. Meu respeito, portanto, aos aguerridos corretores (e corretoras) imobiliários!

Números do Brasil
O Brasil conta com 220 mil corretores credenciados, segundo dados do Conselho Federal de Corretores Imobiliários, COFECI. Porém, ainda segundo o Conselho, há espaço para o triplo, haja vista a expansão dos negócios. Nos últimos dez anos, de acordo com levantamento da entidade, cerca de 65 mil pessoas aderiram à profissão, a maioria egressa de outras atividades.

Remuneração atraente
Com as vendas em alta, a remuneração do setor tem se mantido bastante atraente – o salário varia conforme o volume de negócios fechados, já que é baseado em comissões sobre vendas. Entretanto, segundo o COFECI, em nenhuma região do Brasil o rendimento médio mensal fica abaixo dos R$ 3 mil.

Na Paraíba
De acordo com o Conselho Regional dos Corretores da Paraíba, CRECI-PB, instituição vinculada ao COFECI que fiscaliza e apoia a categoria, atuam no Estado cerca de 3,8 mil corretores, distribuídos entre autônomos e empresas. Importante ressaltar que, para o correto exercício profissional é imprescindível o registro naquela entidade, atendendo à exigência de curso técnico preparatório, feito em estabelecimento educacional reconhecido pela instituição. O nível pode ser elevado para graduação e, em seguida, pós-graduação, dependendo do interesse do profissional.

Hermógenes Bomfim
A coluna aproveita o ensejo para, em homenagem a todos os corretores paraibanos, abraçar fraternalmente o corretor Hermógenes Paulino do Bomfim, homem de bem e profissional completo, em cuja memória está contida toda a história do mercado imobiliário de João Pessoa. Queridíssimo, ele detém o privilégio da inscrição nº 1 do CRECI-PB e a reverência dos seus pares. A propósito, este colunista também desfruta da satisfação de ser colega de Bomfim, devidamente credenciado sob nº 1240.

Por Irenaldo Quitans em http://www.jornaldaparaiba.com.br/coluna/construcaocivil

Um comentário:

  1. Ótimo post, a profissão de corretor é um desafio, além de todas as características elencadas no texto, tem que saber conviver com meses sem receber comissão e outros recebendo várias comissões, ou seja, entradas irregulares o que leva ao desafio de saber se planejar financeiramente, se é que isso seja possivel.

    ResponderExcluir

Obrigado por entrar em contato conosco. Em breve estaremos lhe atendendo.